I
Não é sem uma grande dose de emoção que nos vimos de novo na
tua companhia, caro leitor deste arcano blog.
Em virtude do processo judicial movido contra nós pelo
Sensei Helder Nunes, fomos encarcerados por um tribunal composto por um juíz
que apenas tinha o 2º ano de Direito e advogados quer de defesa quer de
acusação sem licenciatura mas que costumam ler as letras pequenas dos manuais
de electrodomésticos.
O enquadramento do leitor nesta história tem portanto de se estender textualmente um pouco mais que o normal.
O enquadramento do leitor nesta história tem portanto de se estender textualmente um pouco mais que o normal.
Todos os autores deste blog foram enviados para
estabelecimentos prisionais diferentes mas nenhum deles ainda totalmente
construído, os que tinham telhado não tinham paredes, os que tinham paredes não
tinham telhados, e os que tinham telhados e paredes não tinham portas.
A sociedade condenou-nos pelos nossos crimes e forçou-nos a
uma clausura de alguns anos, atrasando-nos de forma irremediável a progressão cromática
na longa cadeia de cintos que são hoje o centro nevrálgico das artes marciais,
não só em Portugal como em todo o mundo.
A caminho dos meus grilhões, aquando da viagem em camioneta
de caixa aberta, dei comigo a pensar que a pena vinha mesmo a calhar, estando
eu tão desiludido com este mundo das honrarias e das vaidades nas artes
marciais, estar fechado seria um bálsamo para a minha sanidade mental.
Metade da minha pena foi cumprida com os dois primeiros anos
em completo e voluntário isolamento de tudo o que metesse gi branco e prática
marcial.
Confesso que entrei na minha sabática, revoltado com a
sociedade que deu razão a um aldrabão que sabe que nada do que dissemos aqui é
mentira. O senhor Helder Nunes falsificou diplomas de graduação. Depois
aproveitou-se do sistema, passando a mão pelo lombo de uns para cair o cinto, e
passando ao próximo. É mais ou menos assim que funciona.
Achou por bem que tinha o direito de ter a sua privacida, e
portanto ninguém teria o direito a saber as inverdades cometidas. Ala de fazer
queixa ao Google e aos tribunais do nosso país, que uma pessoa já não pode ser
uma honestamente aldrabona sem ver o seu bom nome assim exposto.
Eu passava os dias a olhar para o espaço que me rodeava
através das inexistentes paredes da prisão, questionando-me se de facto a minha
cruzada teria algum sentido.
Se teria alguma razão em afastar-me de algo que faz parte da
minha identidade, as artes marciais, por causa da desilusão provocada pelo
então crescente, e agora generalizado conluio entre mestres da treta e
praticantes desconhecedores. Não me considerava nem considero, mais honesto que
o próximo não aldrabão, na prática marcial. Mas não podia deixar de sentir uma
indignação latente ao ver o estado de coisas que vai de encontro a uma certa
ideia de rectidão.
II
Mas como outrora me explicaram, tenho o dever de respeitar o
desrespeito da lei por parte do outro, o que vai contra aquela máxima de que a
indiferença perante o mal é o próprio mal.
De todos os lados me chegavam mensagens de apoio contido
indicando sempre que era corriqueiro e mais valia a pena treinar e esquecer. Mas
quando começamos a dar aulas e verificamos que o número de alunos varia de
acordo com a graduação do instrutor, e que uma graduação merecida leva tempo e
dedicação, os que treinam com seriedade levam sempre um corte no corpo
discente. Como que dá ou deu aulas sabe, raramente se ganha alguma coisa. É
quase só prejuízo.
Perdida a postura de cruzado, comecei a aceitar melhor estes
marialvas, e a raiva a dissipar-se.
Afinal, eu sabia à partida que não os venceria.Apenas me
queria rir um pouco com eles, dando o fio de Ariadne a quem quisesse pesquisar
um pouco mais em prol da sua qualidade de aprendizagem.
E de facto foi essa libertação que me levou a recomeçar o
treino, primeiro com calistenia em beliche, depois com cabos de esfregona
relembrando técnicas de Kendo.
Escovas de dentes serviam de tanto, e atacadores para
treinar hojojutsu.
A prisão estava cheia de ninjas em treino análogo, que muito
me inspirou, apesar de não ver algum, o que mostra o nível avançado dos que lá
estavam.
Todo o estudante marcial tem um projecto para a sua
aprendizagem, e sabe que está sempre inacabado. Sempre em busca na máxima
eficiência, do maior rigor, do melhor método.
Essa preocupação orientou-me cada vez mais.
Mas jurei assim que saísse, voltar a mangar com estes
artistas.
E foi lá dentro, cumprindo os meus deveres de recluso, que
ajudei a conceber o plano de reeditar o Supersensei, das cinzas dos blog’s.
O estado português meteu tudo junto num saco de gatos.
Portanto em vez de um blog para cada artista, um por todos, com direitos iguais
para todos.
O governo da nossa nação, a bem de sacar mais uns trocos,
afunilou a moldura legal de forma a ‘organizar’ o ensino e prática das
modalidades. Tem de se fazer uns créditos para revalidação de licenças de
ensino, que implicam taxas e outras laraxas.
Em moldes muito diferentes da única instituição minimante
respeitadora das artes marciais
tradicionais que já tivemos, a extinta C.D.A.M.
III
Neste momento, temos no Jujutsu, a minha arte, duas
organizações autorizadas pelo estado português a orientar a graduação e
certificação de instrutores.
Uma delas é pertença do senhor Helder Nunes, ‘Mini’ para os
amigos.
A outra é uma Federação sediada em Santarém, que viu assim
congregar em si, personagens divertidos como o camarada Vasco, Pinto. Aquele
que foi Soke e depois passou a 5º Dan e depois já nem sei, que ele é vaidoso e
não suporta andar sempre com o mesmo cinto.
Mas há lá outros, que se legitimam entre si, tendo arrepiado
muito caminho, agora legitimado com o reconhecimento de graduações conferido
pelas Federações autorizadas pelo Estado.
Há portanto um manancial inesgotável para este blog,
prontinho a ser explorado.
O blog nunca foi exclusivo de uma arte marcial apenas.
Está aberto a todas.
A minha pena incluía proibição de tocar em equipamentos
electrónicos em toda a sua duração, excluindo os períodos mortos à noite, para
espreitar as novidades do Pornhub ou para ver a novela.
Agora livre, basta encontrar o meu disco rígido, apreendido
aquando do raid que me fizeram, partindo-me um vaso em forma de sapo que tinha
na entrada da porta de casa, e que ao indagar as autoridades pelo citado disco
rígido disseram-me que estava armazenado em Tancos, mas que até ao fim do ano
mo devolviam.
Portanto caros leitores, peço-vos que considerem refundado
este blog, confidenciando ser totalmente verdade o que se diz.Na prisão é que
aprendemos a ser malandros, a usar VPN’s e a automatizar a criação de endereços electrónicos, ou a fazer cópias de segurança de conteúdos em algo que na altura
ainda estava imberbe, a Cloud.
Quis a ironia do destino que as tecnologias que melhoraram a
segurança informática sejam aquelas que agora de forma melhor permitem um quase
total anonimato neste tipo de prevaricação que é dizer a verdade.
Portanto por mais queixas contra desconhecidos que
apresentes caro Mini, podes colocar dez dedais pois vais ter muito que dar ao
dedo.
E esperamos que o caro leitor vá também dando umas
gargalhadas se disso for caso, e nós merecedores.
Uma palavra especial por fim ao nosso patrocinador, uma empresa cujo dono foi praticante e se afastou não sem alguma saudade. OVRV, uma marca de qualidade que nos paga umas bifanas de forma a podermos continuar o nosso trabalho.
Uma palavra especial por fim ao nosso patrocinador, uma empresa cujo dono foi praticante e se afastou não sem alguma saudade. OVRV, uma marca de qualidade que nos paga umas bifanas de forma a podermos continuar o nosso trabalho.
Obrigado pela atenção e companhia.
Staff do Supersensei
Mítico!!!Bem vindo, já faziam falta, epa boa notícia!
ResponderEliminarTraçadinho, há quanto tempo! A net volta a valer a pena!
ResponderEliminarTens de ser implacável cos gajos!